Todos podemos – humildemente – imaginar como verdadeiros adultos idealmente se comunicariam. Eles entenderiam o próprio humor claramente, falariam com confiança, mas sem raiva ou amargura, sempre esperariam o momento adequado de defender seu argumento, acreditariam que seriam ouvidos e, assim, não apressariam ou forçariam a questão nem levantariam a voz ou começariam a chorar.
Infelizmente, isso acontece raramente, porque somos – a maioria de nós – apenas adultos na idade cronológica, não na maturidade interna. Em vez de nos comunicarmos de forma direta e serena, tendemos a enviar diversos sinais confusos, indiretos, peculiares e nada úteis sobre o que realmente está acontecendo conosco: sinais que acabam confundindo, enraivecendo e, muitas vezes, entediando nossos colegas ou parceiros. Dificultamos tremendamente que eles nos entendam com empatia – e, ao mesmo tempo, ficamos profundamente ressentidos com seus mal-entendidos. Esse ciclo trágico é tão indigno e doloroso que tendemos a assumir que deve ser peculiar. Ainda assim, na privacidade da nossa mesa de trabalho, a má comunicação é a regra. Deveríamos tentar entender os obstáculos e olhar com empatia e compaixão extrema para como poderíamos melhorar.
Quatro características da forma como nossa mente funciona atrapalham a comunicação sólida:
1: Presumimos que os outros deveriam saber
Não há uma crença mais comum do que aquela que dita que o chefe, o colega ou a outra pessoa deveria entender o que queremos, sentimos, desejamos e o que nos irrita sem que precisemos falar. Temos uma ideia potente de que podemos e deveríamos ser lidos sem palavras ou, sem rodeios, magicamente.
2: Entramos em pânico
Ficamos com tanto medo de não sermos entendidos que nos comportamos de formas que só confirmam e superam nossos piores pesadelos. Em vez de nos explicarmos calmamente, apavorados de estar desperdiçando a vida em um trabalho em que não somos compreendidos ou com alguém comprometido em nos frustrar, explodimos nos piores momentos e ficamos cada vez mais maldosos ou queixosos enquanto argumentamos.
Ficamos mandões, controladores, ou talvez quietos e sérios. Às vezes, mergulhamos no trabalho ou tentamos sufocar a dor com muita comida ou bebida. O que estão vendo é o nosso comportamento externo, não o incômodo por trás dele – e, assim, presumem que simplesmente estamos implicantes ou ocupados, de mau humor ou autopermissivos.
3: Buscamos atenção de formas indesejáveis
Queremos que nos dêem atenção de forma generosa e solidária ao que está nos incomodando, mas, em vez de explicar calmamente, usamos estratégias indiretas – e, às vezes, dramáticas. Mesmo um ato tão aparentemente desdenhoso quanto sair de repente da sala pode ser um pedido de compreensão (mas feito de uma forma que certamente fracassará).
4: Ficamos de mau humor
A birra é uma das variedades mais peculiares da comunicação indireta. Recusamos dizer o que está nos incomodando de uma forma educada e gentil e, ao mesmo tempo, esperamos perversamente que o outro entenda o que está errado e seja totalmente gentil e solidário com nossa causa.
Quando nos perguntam o que houve, respondemos muito secamente “Nada, estou bem”, mas o que realmente queremos dizer é: “você já deveria saber o que está me aborrecendo”. Parece absurdo – e é.
As origens da comunicação indireta quase sempre estão na infância. Quando éramos novos, muitas vezes não tínhamos a capacidade ou o contexto para entender e explicar o que nos aborrecia, então recorríamos a não dizer nada, odiar silenciosamente, fazer manha e bater o pé.
É importante tirar um tempo para praticar a comunicação e receber feedbacks de outras pessoas sobre nosso estilo e tendências. Isso se deve ao fato de que a comunicação é menos um talento e mais uma habilidade, algo em que nós podemos trabalhar e melhorar ao longo do tempo de formas grandes e pequenas. Nós devemos nos observar regularmente, para praticar o que queremos dizer antes de encontros importantes, receber críticas e para incorporar essas críticas sobre nossos hábitos comunicativos no nosso trabalho diário.
Texto do The Book of Life
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By The School of Life
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