04/16/2020
Todos
Já Enfrentamos Isso
Não somos estranhos ao sofrimento. Como espécie, sabemos bem como sofrer e lamentar – mas, sabemos ainda melhor como enfrentar, e com mais força do que imaginamos.
Já passamos por momentos desafiadores no século 27 a.C. Na época, o rio Nilo não inundou por sete anos consecutivos e causou uma das primeiras e maiores fomes na história do Egito.
Já passamos por isso quando, em 13 de dezembro do ano 115 d.C., um terremoto devastador atingiu a cidade de Antioquia destruindo três quartos de suas construções e matando metade de seus 500 mil habitantes em minutos. O trabalho de reconstrução durou uma década.
Já passamos por isso quando um tsunami devastador atingiu Alexandria em 21 de julho de 365, matando 50 mil pessoas nesta movimentada cidade portuária e em seus arredores. O bairro Real desapareceu permanentemente sob a água, só sendo redescoberto por acaso, durante uma escavação para instalação de cabos, em 1995.
Já passamos por isso quando a primeira pandemia global de peste bubônica começou ferozmente em Constantinopla, em 542, entrando pelas movimentadas rotas comerciais da Ásia. Conhecida como a praga de Justiniano, continuou infectando o mundo mediterrâneo por mais 225 anos, desaparecendo somente no ano 750, depois de ter matado cerca de 50 milhões de pessoas.
Já passamos por isso quando, em 1346, a Peste Negra chegou à Europa, vinda das estepes russas e matou cerca de 25 milhões de pessoas, ou seja, um quarto da população do continente.
Já passamos por isso quando, em 1519, Hernán Cortés chegou ao litoral do então Império Asteca, atual México, trazendo na saliva o vírus da varíola que, nos séculos seguintes, matou 95% da população das Américas Central e do Sul.
Já passamos por isso quando, em 1.º de novembro de 1755, um terremoto destruiu Lisboa e fez a população sobrevivente partir para o litoral, onde enfrentou um gigante tsunami. Essa combinação matou 30 mil pessoas e, de uma só vez, acabou com o otimismo do Iluminismo Europeu.
Já passamos por isso quando a maior erupção vulcânica da história da humanidade ocorreu no monte Tambora, na Indonésia, em abril de 1815, matando 71 mil pessoas e criando uma nuvem de cinzas que reduziu as temperaturas globais em 0,4°C, levando a graves faltas de alimentos, epidemias e tumulto civil no mundo inteiro durante outros três anos.
Já passamos por isso quando uma terceira pandemia de peste bubônica global estourou em 1894. Entre idas e vindas, a crise durou 20 anos, com sua disseminação global sendo acelerada por viagens de navio e pela escala das malhas de comércio imperial. Quinze milhões de pessoas morreram no mundo inteiro.
Já passamos por isso quando, entre 1918 e 1919, a pandemia de influenza conhecida como “gripe espanhola” matou mais de 50 milhões de pessoas, superando de longe o número de mortes da Primeira Guerra Mundial, que registrou meros 13 milhões de óbitos.Estamos passando por mais um cenário desafiador agora e passaremos por outros novamente. Nada disso é para diminuir, por nem um instante, os imensos sofrimentos individuais de nossa época, mas sim para acrescentar – como os jornais sempre se esquecem de mencionar – que haverá (de alguma forma) um amanhã.
Texto do The Book of Life
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