Em muitos desafios – pessoais e profissionais –, somos detidos pelo pensamento paralisante de que pessoas como nós jamais poderiam conseguir certas coisas, considerando o que conhecemos a nosso respeito: o quão ansiosos, inseguros, bobos e chatos. Deixamos a possibilidade de sucesso para os outros. Ao enfrentarmos a responsabilidade ou o prestígio, logo nos convencemos de que simplesmente somos impostores, como um ator no papel de piloto, usando uniforme e dando avisos da cabine, mas incapaz até de ligar os motores. Pode parecer mais simples nem tentar.
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A causa essencial da síndrome do impostor é uma imagem tremendamente vazia de como as outras pessoas realmente são. Sentimos ser impostores não porque somos peculiarmente imperfeitos, mas sim porque não imaginamos que todos os outros também devem necessariamente ser imperfeitos por baixo de uma superfície mais ou menos refinada.
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A solução para a síndrome do impostor está em dar um voto crucial de confiança, acreditando que a mente dos outros funciona basicamente da mesma forma que a nossa. Todos devem ser tão ansiosos, inseguros e imprevisíveis quanto nós.
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No século 16 o filósofo Michel de Montaigne informou divertidamente a seus leitores, em francês simples, que: “Reis e filósofos, e também as damas, defecam”;
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Montaigne quis dizer que, apesar de todas as evidências sobre evacuação, poderíamos não adivinhar que essas pessoas um dia tiveram de sentar na privada. Nunca vemos tipos distintos fazendo isso – embora, claro, sejamos tremendamente bem informados sobre nossas próprias atividades digestivas. Portanto, construímos uma noção de que não podemos ser filósofos, reis nem damas, e que, se ocuparmos esses cargos, simplesmente seríamos impostores.