03/31/2023
Autoconhecimento, Cultura
5 ideias da filosofia para uma vida mais sábia
A filosofia é uma disciplina que nos ajuda a viver vidas mais sábias e menos dolorosas. Confira cinco ideias da filosofia ocidental que podem inspirar e consolar:
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Conhece-te a ti mesmo
Sócrates, o mais antigo e maior dos filósofos ocidentais, resumiu o propósito da filosofia em uma simples frase: “conhece-te a ti mesmo”. Sócrates reconheceu ali um grande problema de ser humano: normalmente não nos conhecemos muito bem, apesar de sentirmos o contrário. O foco da consciência normalmente só ilumina uma pequena parte do que realmente está acontecendo dentro de nós. Forças que raramente prestamos atenção nos governam: inveja, raiva negada, dor enterrada, ideias da infância que vieram a moldar nossa perspectiva, mas que mal percebemos que possuímos. As consequências dessa ignorância são tipicamente desastrosas.
Como antídoto, Sócrates defendia o exame cuidadoso e regular de nossas mentes. Ele recomendava nos questionarmos sistematicamente, idealmente na companhia de um amigo paciente e ponderado, perguntas como: quais são as minhas prioridades? O que eu realmente temo? O que eu realmente quero? Investigar e interpretar nossos pensamentos e sentimentos era, e continua sendo, a essência do que significa ser um filósofo.
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Espere menos
O estoicismo nos ensina que ficamos furiosos não apenas porque nossos planos falharam, mas porque eles falharam, contrariando nossas expectativas. Para o filósofo romano Sêneca, a tarefa da filosofia é nos desapontar com gentileza antes que a vida o faça com violência. Quanto menos esperarmos, menos sofreremos.
Podemos adotar um pessimismo pessimismo reconfortante, pois ele nos ajuda a transformar nossa raiva e nossas lágrimas em um composto muito menos volátil: a tristeza. Sêneca não estava tentando nos deprimir, apenas poupar-nos da esperança que, quando falha, traz apenas amargura.
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O Sublime
O conceito do Sublime se refere a uma experiência de vastidão (de espaço, idade, tempo) além do cálculo ou compreensão – um senso de admiração que podemos sentir diante do oceano, da Terra vista de um avião ou de um céu estrelado. Sua melhor definição veio de Edmund Burke: na presença do Sublime nos sentimos desesperadamente pequenos.
Na maior parte da vida, uma sensação de nossa pequenez é experimentada como uma humilhação. Por outro lado, a impressão de pequenez que se desdobra na presença do Sublime tem um efeito elevador e profundamente redentor. Conseguimos compreender nossa insignificância e ganhamos uma perspectiva sobre o real tamanho de nossas preocupações.
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Nossa infelicidade vem da nossa incapacidade de ficarmos sozinhos em nossos quartos
O famoso aforismo de Blaise Pascal diz que somos tentados a sair ‘do nosso quarto’ e a desejar emoções que muitas vezes acabam mal; nos intrometemos na vida dos outros, mas não os ajudamos; buscamos fama e acabamos sendo incompreendidos por um grande número de pessoas que não conhecemos. ‘Sentar sozinho’ não significa literalmente sentar na cama, mas sim, saber ficar sem distrações com nós mesmos – apreciando pequenos prazeres; examinando o conteúdo de nossas próprias mentes; permitindo que as partes mais silenciosas de nossas psiques surjam; pensando antes de agir.
É uma frase comovente, pois as vozes mais altas em nossa cultura falam constantemente na direção oposta. Eles nos instigam a sair mais, a ficar mais agitados, a buscar mais drama e a passar menos tempo em devaneios reflexivos, olhando pela janela para as nuvens passando acima. Com o incentivo de Pascal, devemos aprender a nos tornar melhores amigos de nós mesmos.
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Heróis da arte, música e filosofia
Friedrich Nietzsche anunciou com sua frase célebre a chegada da era secular na história ocidental. Ele não visava uma rejeição de todas as coisas boas que a religião havia promovido. A frase reflete a previsão de Nietzsche de uma perda de ênfase na comunidade, na caridade e na compaixão; uma queda no senso de admiração; e uma nova fé em duas fontes de significado: o amor romântico e o sucesso profissional.
A esperança de Nietzsche não era se livrar completamente da religião; mas sim substituí-la por uma religião melhor, baseada em arte, música e filosofia – uma crença cujos heróis seriam os filósofos estoicos, Montaigne, Goethe e Wagner. Deus pode ter morrido, disse Nietzsche, mas só criaríamos um mundo bom e sem deuses se lembrássemos por que o havíamos inventado em primeiro lugar e apreciássemos quantas dessas razões ainda permanecem.