08/25/2020
Autoconhecimento, Todos
Confiança
É consolador perceber quantas grandes conquistas não foram o resultado de um grande talento ou apurado conhecimento técnico, mas sim de um estranho impulso da alma que chamamos de confiança. Passamos muito tempo adquirindo confiança em algumas áreas mais práticas, como a capacidade de resolver equações, solucionar problemas ou praticar um esporte. Mas ignoramos a necessidade primordial de sermos mais confiantes em situações do dia a dia, como conversar com estranhos em uma festa, pedir alguém em casamento, conversar com o chefe sobre um aumento de salário ou dizer ao outro como você se sente em relação a algo que ele fez.
Muitas vezes, nos falta confiança porque consideramos, ainda que de maneira implícita, que tê-la é uma espécie de sorte que não está acessível a todos. É como se algumas pessoas simplesmente já nascessem muito confiantes, por motivos que, um dia, os neurocientistas poderão desvendar. Então, muitas vezes sem perceber, dizemos a nós mesmos que não podemos fazer muita coisa sobre nossa situação em particular de não ser confiante o suficiente. Afinal, estamos presos com os níveis de confiança com os quais nascemos.
A verdade está no oposto. A confiança não é um dom divino, mas sim uma habilidade que tem como base um conjunto de ideias com relação ao mundo e ao nosso lugar nele. Esses conceitos podem ser estudados, aprendidos e desenvolvidos por meio de métodos específicos e de maneira gradual. Assim, torna-se mais fácil superar tudo o que faz com que nos sintamos menos capazes de ser confiante. Podemos nos educar na arte da confiança.
Na relação com o outro e com o mundo, não basta sermos gentis, interessantes, inteligentes e sábios por dentro; precisamos desenvolver uma habilidade que nos permita fazer com que nossos talentos sejam notados pelos demais. A confiança é o que transforma a teoria em prática. Ela nunca deveria ser considerada nossa inimiga ou sinônimo de soberba, mas sim uma característica que nos impulsiona a boas experiências de maneira legítima. Deveríamos nos permitir a começar a confiar na confiança.
Texto The School of Life