11/08/2024
Autoconhecimento, Cultura
As Notícias do nosso Mundo Interno
Sabemos que para sermos mais competentes em entender e transitar no mundo, é aconselhável nos mantermos atualizados com as notícias. Cercamos a Terra com satélites e criamos redes de informação que nos reportam acontecimentos com uma urgência gritante. Para informações ainda mais rápidas e constantes, inventamos pequenos aparelhos para levar conosco a todos os lugares, a todo momento. As telas que nos cercam nos dão um assento de primeira fila para assistir o fluxo do que acontece no mundo.
Como resultado, vemos muito mais. Ao mesmo tempo, estranhamente, vemos muito menos. A presença constante de notícias de fora dificulta nossa capacidade de captar uma outra fonte de notícias igualmente importante, embora muito menos valorizada, a de dentro. Nós não somos, por natureza, bem-preparados para enxergar o que há dentro de nós mesmos. Nossa consciência muitas vezes rejeita o que acontece internamente para dar atenção ao nosso entorno. Muitos sentimentos, pensamentos e ideias exigem coragem para serem confrontados. Eles ameaçam nos deixar desconfortavelmente ansiosos, empolgados ou entristecidos se nos aprofundarmos mais neles. Mas devemos saber também que lidaremos muito melhor com o mundo que nos rodeia se olharmos para o nosso mundo interno.
No entanto, usamos as notícias de fora para silenciar as notícias de dentro. Temos a uma ótima desculpa para não passar muito tempo vagando dentro de nossas próprias mentes – devemos saber o que está acontecendo nas ruas, nas cidades, nos governos, e nas empresas. Não é que as notícias do mundo externo não tenham importância. Mas o drama não nos salvará, e não se importa nem um pouco com nosso desenvolvimento ou nossas reais responsabilidades.
Devemos nos lembrar que essas notícias estão de alguma forma desconectadas do que deveria ser nossa real prioridade: conhecer a nós mesmos, aproveitar ao máximo nossa vida e nossos talentos no tempo que nos resta. É lindo o ato de entregar tanto de nossa atenção e curiosidade a estranhos do outro lado do planeta, mas também devemos reconhecer o preço que pagamos por essa dispersão constante de energia. Acabamos negligenciando alguns de nossos pensamentos fugazes e hesitantes que dizem respeito a nós mesmos – em prol do drama mais óbvio do momento.
Pode parecer contraintuitivo pensar que existem certas coisas mais importantes do que as notícias do mundo. Mas há: nossas próprias vidas, que muitas vezes, estranhamente, deixam de ser o nosso foco.