10/15/2018
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Qual é o sentido da Vida?
Questionar muito insistentemente qual é o ‘sentido da vida’ pode fazê-lo parecer um pouco sombrio, estranho ou simplesmente inocente. As pessoas hoje em dia muitas vezes dizem – às vezes de forma triste, outras de forma agressiva e cínica – que ‘a vida simplesmente não tem sentido’.
Nós devemos começar dizendo que não há um sentido da vida fora do que nós podemos encontrar sozinhos enquanto espécie. Não há nenhum tipo de sentido objetivo escrito nas estrelas, em um livro sagrado ou em sequências de DNA. O que parece motivar as pessoas a reclamarem que falta sentido à vida são variedades específicas de infelicidade. Tendo isso em vista, podemos começar a elaborar uma teoria do sentido. O sentido é encontrado em três atividades em particular: Comunicação, Compreensão e Serviço. Vamos dar uma olhada na comunicação primeiro. Nós somos, por natureza, criaturas isoladas e parece que alguns dos nossos momentos mais significativos têm a ver com instâncias de conexão: com um parceiro, por exemplo, quando revelamos nossos eus mais íntimos, ou quando fazemos amizades em que verdades substanciais sobre nossas vidas podem ser compartilhadas. Ou na nossa jornada para um novo país, quando nos pegamos conversando com um estranho e sentimos uma sensação incrível de vitória sobre barreiras linguísticas e culturais. Ou quando somos tocados por livros, músicas e filmes que atingem emoções que são profundamente nossas, mas que nunca externalizamos de forma tão clara e bela.
Em segundo lugar, tem o sentido que emerge através da compreensão. Ele é sobre o prazer que pode ser sentido quando resolvemos uma confusão sobre nós mesmos ou o mundo. Nós podemos ser pesquisadores científicos, economistas, poetas ou pacientes de psicoterapia; o prazer das nossas atividades têm raiz em uma habilidade comum de mapear e fazer sentido do que antes era dolorosamente estranho. Em terceiro lugar, vem o serviço. Uma das coisas mais significativas que podemos fazer é servir as pessoas, tentar melhorar suas vidas, ou aliviando fontes de sofrimento, ou gerando novas fontes de prazer. Muitas vezes nos é dito que somos inerentemente egoístas. Mas os momentos mais significativos surgem quando transcendemos nossos egos e nos colocamos a serviço dos outros – ou do planeta. Deve-se adicionar que, para um serviço parecer significativo, ele deve estar em sincronia com os nossos interesses nativos e sinceros. É o caso de sabermos o suficiente sobre nós mesmos para encontrarmos nosso caminho particular para o serviço.
Armados com essas ideias, nós podemos ir em direção a definir nada menos que o sentido da vida. O sentido da vida é buscar o crescimento humano através da comunicação, da compreensão e do serviço. Para ter vidas significativas, nós também podemos ver que certas coisas precisarão estar em questão. Nós precisamos ter relacionamentos com os outros: não necessariamente românticos (isso foi muito exagerado na nossa sociedade), mas conexões de algum tipo em que as coisas importantes são compartilhadas. Pode ser, é claro, relacionamentos com livros ou músicas. Nós também precisamos ter uma cultura que estimule a compreensão de si mesmo e dos outros. Os inimigos disso incluem estar cercado de meios de comunicação que produzem informações caóticas ou um ambiente acadêmico que promove investigações mortas e estéreis.
E, por fim, nós precisamos ter um bom trabalho, o que significa um mundo repleto de negócios e organizações voltados não só para o lucro, mas também para a assistência e melhora genuína da humanidade. Além disso, precisamos ajudar as pessoas a descobrirem suas próprias vocações, de modo que elas estejam não só servindo por servir, mas servindo de uma forma conectada aos seus interesses mais genuínos. Existem, infelizmente, muitos obstáculos a vidas significativas. Na área da comunicação: são coisas como uma ênfase exagerada no sexo e uma desvalorização da amizade. Também são, num nível interno, erros no software emocional que deixam alguém com medo de se aproximar dos outros. Na área da compreensão, é a falta de bons meios de comunicação, a desconfiança da introspecção e a psicoterapia, o mundo acadêmico desconectado e pomposo.
E, na área do serviço, é uma preocupação exagerada com o dinheiro no nível individual e empresarial que coloca o foco em ganhos financeiros em detrimento das necessidades genuínas dos outros. São sistemas excessivamente grandes em que o indivíduo se perde e não consegue ver o impacto do seu trabalho. E, internamente, pode ser uma timidez, esnobismo ou uma mentalidade de seguir-a-manada que impede alguém de conhecer propriamente a si mesmo e a seus talentos autênticos. Para construir um mundo mais significativo, nós precisamos enfatizar a educação emocional, a comunidade, a cultura da introspecção e um tipo mais honesto de capitalismo. Nós podemos não ter vidas significativas ainda, mas é central afirmar que o conceito de uma vida significativa é plausível – e que ele inclui elementos que podem ser nomeados claramente e pelos quais podemos gradualmente lutar.