Dra. Ana Claudia Arantes e Martha Medeiros – Conversas sobre Amor e Morte

A morte é ao mesmo tempo a coisa mais estranha e normal que pode acontecer em uma vida. Átomos dispostos em uma sequência inexoravelmente única estão agora dispersos para sempre. O momento parece uma repreensão a tudo o que somos e esperamos; é contrário a toda a estabilidade e continuidade que almejamos – mas foi predestinado desde o momento que nascemos. Nada fundamentalmente hediondo aconteceu. Nunca haveria outra maneira – já sabíamos disso. A morte parece tão errada, mas a morte está escrita no contrato de existência. É um compromisso básico que todos assumimos no momento do nosso nascimento. É a vida, não a morte, que é a anomalia. A morte é nosso grande destino comum, o evento do qual todo o nosso amor e compaixão fluem.

O Amor pode ser considerado um dos grandes significados da vida. Acreditamos que o amor é muito mais do que um sentimento, é uma habilidade que podemos desenvolver, para termos a coragem de olhar além da superfície de alguém e encontrar o que é amável em todas as pessoas. Amor é muito mais do que “eu te amo”.

Para falar desses dois sentimentos tão extremos e ao mesmo tempo tão próximos, a The School of Life traz a médica especialista em cuidados paliativos, Dra. Ana Claudia Arantes e a escritora Martha Medeiros, para um conversa, no dia 29 de Novembro às 19 horas, online.

Ambas acreditam que o amor não termina com a morte; concordam também que a pior morte é a do amor.

“É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo – tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes”, diz Martha Medeiros.

Para Dra. Ana Claudia Arantes, o fim da vida aproxima as pessoas do amor. “Infelizmente percebo que somos capazes de viver uma vida quase inteira sem expressar afeto, mas ainda assim, reservamos para nossos tempos finais o melhor de nós mesmos. Já acompanhei incontáveis histórias de amor, mas as eternas foram aquelas onde o amor viveu cada dia de convívio, cada momento de alegria ou dor, presente e incansável. E me emociona sempre ouvir as histórias de amor que duram para além da morte. Eu sempre acreditei que o amor não morre.